No artigo anterior apresentei formas de convencer alguém sem enganar e poder acreditar sem medo de ser enganado. Porém, agora, quero aproveitar este primeiro de abril, conhecido tradicionalmente como o dia da mentira, para fazer um alerta sobre os possíveis casos de engenharia social de que podemos ser alvos.
Orson Welles em 1937 - Wikipédia (foto de Car Van Vechten) |
Há 80 anos, mais precisamente em 30/10/1938, quando George Orson Welles (Cineasta norte-americano "1915-1985"), até então um jovem e quase desconhecido diretor de dramaturgia do teatro e do rádio, narrou ao vivo pela companhia Mercury Theatre on the Air, dos estúdio da rádio CBS (Columbia Brodcasting System) em Nova York, uma adaptação do livro de Herbert George Wells (Escritor britânico "1886-1946") A Guerra dos Mundos, levando milhares de pessoas da costa leste dos EUA ao pânico.
Apesar de, no início da transmissão os ouvintes terem sido informados de que se tratava de uma narrativa de ficção, aqueles que sintonizaram a emissora depois de iniciada, acreditaram que, na verdade, se tratava de uma invasão dos marcianos à Terra, a ponto de levar muitas pessoas ao desespero e muito tumulto ter se formado na cidade de Nova York e outras cidades que recebiam aquela transmissão ao vivo, às vésperas do dia das bruxas (Halloween).
A própria CBS, na época, calculou que cerca de seis milhões de pessoas ouviram a transmissão e, destas, um milhão e duzentos mil ouvintes acreditaram que o planeta Terra estava realmente sendo atacado pelos extraterrestres (que no caso, na época, acreditavam que eram os marcianos) que Orson Welles narrava, justamente porquê começaram a ouvir a narração depois do início da transmissão onde dizia se tratar de radiodramaturgia (https://www.dw.com/pt-br/1938-p%C3%A2nico-ap%C3%B3s-transmiss%C3%A3o-de-guerra-dos-mundos/a-956037) ou seja, no linguajar atual diríamos que "caíram de paraquedas".
Este, segundo os profissionais de comunicação, "foi o programa que mais marcou a história da mídia do século XX". Talvez, esta, tenha sido o maior primeiro de abril fora de época já produzido, gerando consequência histórica inimaginável, tanto que tornou Orson Welles mundialmente famoso mas que, no entanto, depois, não escapou de ter de pedir desculpas pelo ocorrido.
No dia seguinte da transmissão o jornal The New York Times informou que tinha sido registrados 875 telefonemas de pessoas com medo do fim do mundo, outras relatando o abandono de convidados de um jantar com medo dos marcianos e 15 pessoas, ainda, que foram atendidas nos hospitais por causa de choque de histeria (https://www.terra.com.br/noticias/educacao/voce-sabia/ha-75-anos-radio-transmitiu-invasao-alienigena-a-terra-e-assustou-milhoes,afb3d216fa802410VgnVCM20000099cceb0aRCRD.html).
Todo jornalista sabe da necessidade (dever profissional) de checar uma informação antes de mais nada, porém, mesmo conscientes disto, atualmente as pessoas que recebem uma informação não se dão ao trabalho de qualquer checagem da sua veracidade, o que dizer naquela época. Porém, este fato mostrou que o rádio, que emergia como fonte de notícia ao vivo, já era creditado de confiança pela sociedade.
"Notícias falsas emplacam porque vêm atender aos desejos do receptor, que assim, de forma rápida e reativa, as legitima e alça à categoria de fatos. Invariavelmente, as "fake news" funcionam porque dizem o que o sujeito que as recebe quer ouvir, enfeitam com adereços de verdade as mentiras mais peladas. A notícia falsa não vem informar, e sim confirmar como realidade o sonho do eleitor que vê o jogo da política como vê futebol - sem desconfiar que, no caso, ele é a bola" (Pedro Bial, jornal O Globo em 28/10/2018).
Atualmente as fake news estão entre os assuntos mais cogitados de, neste 1º de abril, fazerem novas vítimas pois, hoje, com efeito, elas não se restringem mais apenas às localidades onde são lançadas, próximas umas das outras em um determinado país ou região. Suas consequências podem ser globais e devastadoras.
As fake news assumem riscos bem maiores do que no início do século passado, pois oferecem perigos amplificados e por este motivo devem ser levadas em considerações e combatidas. Não considerá-las, acreditando que se trata apenas de uma brincadeira ou que seja uma simples pegadinha de primeiro de abril, "coisa à toa", é dar oportunidade ao gatilho de um possível contra interesse oculto.
Uma fake news pode estar recheada de engenharia social, que é a técnica de se atingir um maior número de pessoas nas suas fragilidades, que podem ser de consequências internacionais, assim como por exemplo, decidir o curso, rumo ou o resultado de objetivos de um pleito eleitoral. E a única forma de se combater e vencer um ataque de engenharia social é fortalecendo as fraquezas das possíveis vítimas antes do ataque.
Então, é preciso conhecer mais sobre as fraquezas humanas e identificá-las, blindando-as dos possíveis ataques que possam surgir. E assim que identificada a possível fraqueza que uma pessoa possa ser atingida, deve ser feito o respectivo tratamento que, de maneira geral, pode ser conseguido pela própria pessoa.
Se você tiver interesse em saber mais sobre engenharia social e blindagens de fraquezas humanas clique aqui para assistir uma apresentação sobre o assunto.
Se você desejar ouvir, na íntegra, a transmissão original de Orson Welles clique no vídeo abaixo*
*O vídeo está em inglês. Para você obter as legendas em português ou outro idioma, no vídeo, clique em "YouTube", no vídeo no Youtube clique no ícone "Legendas/Legendas ocultas (c)" para ativar as legendas, depois clique no ícone "Detalhes", na telinha de diálogo que se abre clique em "Legendas/CC (1) inglês (gerada automaticamente) >", na próxima telinha clique em "Traduzir automaticamente" e escolha Português ou outro idiomas que preferir na lista que aparece em ordem alfabética.
Carlos Roberto Miranda é Palestrante de Sistemas Lógicos e Jornalista de Dados com registro no Mtb nº. 86198/SP.
Autor e divulgador de A Lógica da Essência da Vida (EV) que gera a Essência Humana (EH).
Contato para Palestras: carlosrobertomirandapalestra@gmail.com
Carlos Roberto Miranda é Palestrante de Sistemas Lógicos e Jornalista de Dados com registro no Mtb nº. 86198/SP.
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